O forró e a música nordestina perderam uma de suas vozes mais marcantes nesta sexta-feira. Morreu, aos 75 anos, o cantor, compositor e poeta Wilson Aragão, figura emblemática da cultura de Piritiba, no interior da Bahia. A notícia abalou a comunidade local e fãs espalhados por todo o Estado.
Nascido em Piritiba, Aragão sempre fez questão de exaltar sua terra natal em suas composições. Com um estilo simples, mas profundamente enraizado na alma sertaneja, ele projetou o nome da cidade para os grandes palcos do país, tornando-se uma referência da música nordestina.
Contemporâneo de Raul Seixas — com quem chegou a dividir momentos na juventude — Wilson Aragão teve participação essencial na consolidação do forró como expressão legítima do São João baiano. Na década de 1980, foi um dos responsáveis por impedir a introdução de trios elétricos e ritmos não tradicionais nas festividades juninas da região. A partir desse movimento, nasceu o Arraiá Capim Guiné, nome inspirado em uma de suas canções mais famosas, que também se tornou o hino não oficial do município.
Entre suas composições marcantes, “Capim Guiné” se destaca por ter sido imortalizada na voz de Raul Seixas, ampliando ainda mais o alcance do trabalho de Aragão.
Para os piritibanos, Wilson era mais que um artista: era um símbolo, um porta-voz das tradições locais e um filho ilustre que jamais renegou suas origens. Seu legado artístico é considerado insubstituível.
O corpo de Wilson Aragão será velado na sua terra natal, Piritiba, em uma cerimônia aberta ao público na Câmara de Vereadores do município.